A responsabilidade em abrir um terreiro é
imensa. O novo pai de santo é responsável por toda uma corrente de
médiuns – que trazem seus próprios problemas e karmas – além de uma
falange de desencarnados que militarão em seu espaço. Além disto é o
responsável por fazer os assentamentos, rituais e consagrações próprios.
E ainda, têm que ser um exemplo vivo das vivências evangélicas e dos
ensinamentos dos Espíritos.
Ser Pai ou Mãe de santo não traz status
para o médium, mas sim muita responsabilidade. A corrente mediúnica pode
mudar constantemente, mas o pai e a mãe de santo sempre serão os mesmos
naquele terreiro. Logo, não há como furtar-se ao trabalho e por cansaço
ir embora do terreiro ou colocar alguém para tocar os trabalhos por
você. A figura do pai e mãe pequenos são para auxiliar o chefe do
terreiro e nunca para substituí-lo. Em muitos casos esses pais e mães
pequenos estão sendo preparados para abrir seu próprio terreiro, mas
quem define isso é a espiritualidade e nunca o próprio médium.
Sacerdócio é missão! É um chamado!
Um curso pode te trazer embasamento
técnico e teórico, porém jamais te dará a experiência de lidar com as
situações do terreiro. Ainda vou adiante, expandindo o raciocínio com
uma pergunta: Seu Guia tem missão de abrir um terreiro? Ou esse é você
querendo ser diferente dos outros?
Vejamos como foi dada a fundação das
sete tendas originais de Umbanda, que teve seus dirigentes escolhidos
pelo próprio Caboclo das Sete Encruzilhadas. Logo, é assim que se deve
proceder como sacerdócio. Usar uma roupa pomposa, possuir um símbolo ou
um diploma na parede não te transforma em sacerdote. Muito menos querer
ser um! Você tem que ter o chamado e esse será muito claro na sua vida,
através das experiências mediúnicas e de atendimento.
Outra coisa estranha que vejo é médiuns
que mal incorporam, nunca deram atendimento ou deram poucos atendimentos
e estão cheios de dúvidas entrando em cursos e se formando sacerdotes.
Podemos notar a qualidade de sacerdote sendo feito. Um pai de santo sem
contato nenhum com as dificuldades dos consulentes, com a experiência
das entidades e com a humildade em reconhecer que não pode ajudar. Não
há fórmula mágica que seja mais poderosa do que a moral elevada.
Esses casos geram várias casas,
supostamente umbandistas, cheias de inexperiência, inaptidão e obsessões
espirituais. Podemos notar pela fragilidade de sua corrente, pelo
sofrimento passado pela corrente mediúnica sendo atacada constantemente e
por uma certa instabilidade, que insiste em fechar várias casas.
Vamos lembrar que o médium não é um
super humano ou alguém evoluído, são geralmente almas encarceradas em
seus arrependimentos e cheias de situações a resolver, que pediram a
mediunidade como uma ferramenta para acelerar esse processo e sabiam que
juntamente com a mesma viria o combate contra o ego, a vaidade e o
orgulho.
Projeção pessoal nunca pode ter espaço
dentro de uma tenda umbandista e um pai de santo sério e comprometido
irá refletir isso em sua simplicidade, em sua humildade e em sua
responsabilidade. Mas vemos muita arrogância por aí, infelizmente.
O estudo é fundamental em todas as
áreas, porém não adianta se dizer sacerdote sendo que a Espiritualidade
não lhe outorgou isso. Creio que a posição é muito complicada e sempre
será alvo de olhares de admiração e de desconfiança, mas ser
Pai-de-Santo, Babá, Iaiá, Sacerdote, Dirigente, Zelador, etc, é mais do
que simplesmente satisfazer a nossa egolatria. É preciso ter
comprometimento… Lembre-se que estamos lidando com o Espiritual do ser
humano e isso é o mais importante.
“Não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, somos seres espirituais vivendo uma experiência humana.” – Teilhard de Chardin
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